O espiritismo transformador
POR EDSON TOMAZELLI 01/01/2019
Na introdução de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” temos que: “(...) o Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso (...)”.
Propõe, assim, a transformação do mundo, iniciando-se pelo homem, quando o ajuda a se afastar do egoísmo e do materialismo, fundando-se na ética e na liberdade individual e, ao mesmo tempo, cria responsabilização dos atos praticados. Refreia a emoção e a imaginação com uma fé raciocinada.
Fé que, baseada estritamente nas lições de Jesus, nos dá a forma mais pura da religião, ensinando-nos a agir em plena consciência com os nossos deveres, sem pressões e ameaças. Fé que não está escudada em nossas fragilidades, mas nas potencialidades do espírito, pois somos criaturas imortais e já atuamos e vamos atuar em inúmeras experiências existenciais, sempre por Jesus como modelo a seguir, lembrando que, em sua breve passagem, deixou claro e foi incisivo ao afirmar: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, não restando dúvidas, desde aos mais simples aos mais letrados.
Basta analisar esse ensino do Mestre para entender que, sem a direção, o conhecimento da verdade que nos liberta e a vida plena não chegaremos ao Pai. Continuamos imaturos e infantilizados, teimando em não compreender a sua mensagem e séculos após séculos ainda acreditamos em “bruxas” e no sobrenatural; e ainda outros tantos aguardando o Seu retorno (como se Ele estivesse separado de nós...) para nos dizer e mostrar de novo, o caminho, a verdade e a vida...
Já adentramos na era do espírito e Deus na sua infinita bondade e misericórdia, porém justo, nos lembra diariamente a necessidade de utilizarmos nossa vontade e recomeçar o caminho que seu filho já houvera mostrado com absoluta clareza. Então, vamos lembrar que somos os construtores de nosso próprio destino, com o dever inalienável de estudar e aprofundar nosso conhecimento, livrando-nos, de vez, das agruras e das trevas de um passado contraditório de lamúrias, imprecações, irresignações e louvores subservientes a Deus, como se Deus fosse um tirano injusto à espera de nossa redenção.
Aliás, Jesus ensinou a orar e vigiar, recomendou o amor e a bondade, pregou a humanidade, mas jamais aconselhou a viver de orações e lamúrias. Para restabelecemos essa verdade, é preciso sairmos da infantilidade espiritual e compreender, como adultos, a dignidade de assumir os compromissos sociais e espirituais, ambos conjugados em face das exigências da lei superior da evolução humana, completando nossa maioridade, ou melhor, nos tornados homens.
Porque, como lembra José Herculano Pires, “se quisermos apagar uma lâmpada elétrica não adianta assoprá-la, é necessário apertar a chave que detém o fluxo de eletricidade. Se quisermos mudar a sociedade, não adianta modificar a sua estrutura feita pelos homens, mas modificar os homens que modificam as estruturas sociais. O homem egoísta produz o mundo egoísta, o homem altruísta produzirá o mundo generoso, bom e belo que todos desejamos. Não podemos fazer um bom plantio com más sementes. Temos de melhorar as sementes”.
Precisamos abandonar as lamentações e entender que as escolhas feitas fazem parte de nosso aprendizado e servem como dreno ao nosso espírito, contudo, teimamos em cometer os mesmos erros há séculos e não compreendemos a grandeza da vida esquecendo-nos dos compromissos assumidos. Enfrentar com coragem as vicissitudes da vida e acordar para uma humanidade já em fase da madureza leva-nos a continuar nosso trabalho, com conhecimento e fé, com simplicidade e humildade, deixando de lado as idolatrias, cultos ritualísticos e sacramentos a ídolos mortos.
Edson Tomazelli é divulgador do espiritismo.